Morre o escritor Ariano Suassuna Morre o escritor Ariano Suassuna
Suassuna, que tinha 87 anos, morreu às 17h15, de parada cardíaca, provocada pela hipertensão intracraniana.
Nascido em
João Pessoa, quando a capital paraibana ainda se chamava Nossa Senhora
das Neves, em 1927, ainda adolescente, Ariano Vilar Suassuna foi morar
no Recife, onde terminou os estudos secundários e deixou seu nome
marcado na cultura literatura brasileira, especialmente no teatro e na
literatura.
Em 1946,
na capital pernambucana, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco,
junto com o amigo Hermilo Borba Filho. No ano seguinte, escreveu sua
primeira peça teatral, Uma Mulher Vestida de Sol, seguida de Cantam as
Harpas de Sião e Os Homens de Barro. Em 1955, escreveu sua obra mais
popular, Auto da Compadecida, que conta as aventuras de dois amigos,
Chicó e João Grilo, no Nordeste brasileiro. A peça foi adaptada duas
vezes para o cinema, em 1969 e 2000.
Suassuna
continuou criando, escrevendo peças de teatro, romances e poesias. O
Santo e a Porca, Farsa da Boa Preguiça e Romance d’A Pedra do Reino e o
Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta são algumas das dezenas de obras dele.
A maioria delas foi traduzida para outros idiomas, como francês,
alemão, espanhol, inglês e holandês. Em 1989, passou a ocupar a Cadeira
nº 32 da Academia Brasileira de Letras.
Carismático,
Suassuna esbanjou simpatia por onde passou. Mais recentemente,
apresentou sua “aula-espetáculo” por todo o Brasil, onde ensinou formas
de arte para o público e mostrou a riqueza da cultura do país, contando
histórias, “causos” e piadas. Suassuna mostrou ao povo brasileiro como
ele é inventivo, engraçado, esperto e interessante e provou que não
existe nada do lado de lá das fronteiras que possamos invejar.
Em uma de
suas últimas passagens por Brasília, Suassuna encerrou a aula-espetáculo
valorizando, não sua obra, mas a de outro brasileiro. O escritor citou o
filósofo Matias Aires como exemplo da qualidade nacional, mas também
como um resumo da sua própria trajetória, “e da de todos nós”, neste
mundo.
“Quem são
os homens mais do que a aparência de teatro? A vaidade e a fortuna
governam a farsa desta vida. Ninguém escolhe o seu papel, cada um recebe
o que lhe dão. Aquele que sai sem fausto, nem cortejo, e que logo no
rosto indica que é sujeito à dor, à aflição, à miséria, esse é o que
representa o papel de homem. A morte, que está de sentinela, em uma das
mãos segura o relógio do tempo. Na outra, a foice fatal. E, com esta, em
um só golpe, certeiro e inevitável, dá fim à tragédia, fecha a cortina e
desaparece”, disse, então, Ariano Suassuna. Com informações da ( por Agência
Brasil.)
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