Há um ano, a agricultora
Josefa Dias da Costa, de 35 anos, dava os primeiros passos para se
tornar um dos memes mais populares do Nordeste do país. A mãe de Waniga,
de 16 anos, Weliga, 14, Eclitson, 12, e Eglilson, 4, passou a escolher
locais inusitados, como o alto de escadas, morros e muros, para fazer
com que os filhos tivessem uma pausa na dura rotina que enfrentam na
cidadezinha de Serra de São Bento, a 128 km de Natal, no Rio Grande do
Norte. As gargalhadas do grupo soam como um alívio também para o coração
aflito de Josefa, preocupada com a saúde dos dois meninos mais novos:
eles sofrem de distrofia muscular de Duchenne, uma doença degenerativa
que, como a própria mãe explica, com a voz doída, que pode levá-los à
cadeira de roda e reduzir sua expectativa de vida aos 20 anos de idade.
Os registros foram parar
no perfil de Facebook de Josefa, onde aparece como Graciane Dias, e no
Youtube, e divertem milhares de internautas, tornando-se notícia na
imprensa local. Embalada pelo sucesso a produção segue de vento e popa,
as imagens logo ganharam mais um objetivo, o de conseguir chamar atenção
para a doença dos filhos e comover pessoas que podem ajudar a família
com despesas e tratamentos:
— Tem tanta gente boa
nesse mundo, né? Quem sabe alguém não me vê e decide ajudar meus filhos a
realizarem seus sonhos. Hoje, os médicos não se importam muito com os
meninos, acham que é remar em vão, mas para mim e para Deus, não é em
vão — diz a mãe, enquanto destaca a evolução da doença de Eclitson: — Os
pézinhos dele já estão tortos de novo, mesmo depois que ele passou por
uma cirurgia. Ele já parou de andar e voltou depois que fiz uma promessa
— conta Josefa.A mãe relata que os
primeiros sintomas começaram a aparecer quando o menino tinha 5 anos
mas, sem conhecimento ou estrutura, o tratamento começou aos 7, com duas
viagens semanais à capital para sessões de fisioterapia. O mais novo,
também diagnosticado, já recebe medicamento preventivo, mas ainda não
apresenta sinais do Duchenne. Somados, os remédios usados pelos meninos
gera um custo de R$ 200.
Meu filho anda com
dificuldade, não sobe escada e cai muito. Ver isso é muito duro para
mim, então preciso procurar algo para nos divertir. O objetivo é fazer
meus filhos felizes, e acabei descobrindo que uma coisa que faz bem a
eles também pode nos ajudar a realizar os nossos sonhos, como o de ter
uma casinha própria com uma plaquinha “Cantinho do Eclitson e do
Eglilson”, em homenagem a eles — revela Josefa.
A dificuldade financeira
é, para Josefa, o segundo maior problema da família, que vive de
agricultura de subsistência de feijão, milho, fava, jerimum “e o que
mais der para plantar”, como ela diz, num pequeno sítio na região. Para
pagar medicamento, transporte e o aluguel da casinha na cidade, a
família conta com ajuda do Bolsa Família.
Enquanto faz as fotos,
Josefa encarna Graciane e, de quebra, aproveita para saciar uma
necessidade que nutre desde a infância: “Sempre fui apaixonada por
altura”, conta ela, que reúne as crianças na produção das brincadeiras.
Segundo a mãe, todos ajudam.
— Quando estou nessas
fotos, subindo em algum lugar ou pulando, esqueço da vida, da doença.
Esqueço de tudo. Eu amo altura e gosto de ir nos cantos mais altos, me
pendurar e pular, de fazer gracinha em cima — revela.
(*) Fonte: Extra
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