Posto

Posto

farmacia center

farmacia  center

isau

isau

P

P

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

TUPARETAMA | Daniela Leite a é a primeira mulher trans da cidade a conquistar retificação de nome nos documentos

Marcelo Patriota

A tuparetamense Daniella Gomes Leite, de 25 anos,  é a primeira mulher transexual do município a conquistar a adequação do nome social em seus documentos civis. É uma conquista significativa, num momento importante em que se busca o respeito e a garantia de direitos às pessoas LGBTQIA+. Daniela é  filha de Maria Eunice Gomes do Aguiar e Gessi Pessoa Leite mas mora em São Paulo há quase 10 anos, onde trabalha. Ela se define como “uma pessoa extrovertida, desinibida, de personalidade forte, mas do bem.”
Ao deixar Tuparetama para morar e trabalhar em São Paulo, Daniela ainda se expressava socialmente como homem e conta que chegando na grande metrópole do sudeste logo assumiu o que pensava ser uma homossexualidade. Poder vivenciar sem amarras essa orientação sexual “foi uma libertação” conforme relatou ao blog do Tarcio Viu Assim 2. Mas ela narra que essa nova vida trouxe também grandes batalhas, comuns a todas as pessoas fora do padrão hegemônico heterossexual: Preconceito, pouca aceitação da sociedade, familiares contra, etc. “Meu pai logo parou de falar comigo, não me aceitava, não porque não me amasse, mas por vergonha mesmo.” relata.

Na trajetória pela afirmação de sua identidade de gênero Daniela contou também com apoio e tolerância: “Muitas pessoas à minha volta passaram a me aceitar com respeito, adquiri confiança e fui ficando mais ‘afeminada’, um processo natural de auto-libertação. Porém eu ainda me sentia estranha e confusa quanto à aparência e por uma indefinição na identidade, se homem ou mulher.”  Daniela conta que sua vida estava prestes a mudar mais uma vez. Foi quando conheceu e passou a ter contatos mais frequentes com amigas transexuais. “Elas me influenciaram e muito, me ajudaram a entender minha mente, abrir meus olhos e a me descobrir quem realmente eu era, uma mulher trans. Eu não era homossexual, na verdade a homossexualidade foi só o primeiro degrau pra meu verdadeiro eu – a transexualidade”- explica. (Daniela relaciona-se afetivamente com homens heteros, então por definição ela é uma mulher transexual hetero).     A partir daí Daniela iniciava a batalha mais difícil da sua vida, por um lado o desejo enorme de assumir sua verdadeira identidade, a felicidade de finalmente ser quem se é. Por outro lado houve o “abalo na família”, situações de discórdia, o medo do preconceito (existente até hoje)  e os percalços do processo de hormonização. “Meu processo inicial foi feito sem acompanhamento médico, estava sem dinheiro por falta de emprego, na época todas as portas se fechavam para pessoas transexuais” explica. “Mesmo com quase o mundo inteiro contra, eu estava certa e decidida de quem eu era, a mulher Daniela. Sem opção de sustento, viajei para a Europa onde fiquei por 1 ano, fiz algumas modificações estéticas, com melhorias no visual.”

A experiência no exterior não durou muito, Daniela conta que “tudo estava indo bem, mais aí caiu a ficha da dura realidade de uma estrangeira sozinha longe de quem realmente importa, os amigos e a família”. Daniela voltou para São Paulo, para perto dos familiares que a aceitavam realmente e ao lado de quem se sentia amada e recebia aceitação. “Fui conquistando a todos pelo meu modo de ser,  a mesma pessoa íntegra que eu sempre fui, o mesmo ser humano com os mesmos valores morais que recebi em minha formação familiar.”

Embora a sobrevivência diária de uma pessoa transexual no Brasil ainda seja uma dura batalha diária, Daniela relata que a cada passar de ano foi ganhando seu espaço, respeito e reconhecimento. “Os anos foram passando e as coisas foram melhorando, as portas do mercado de trabalho foram se abrindo, as pessoas transexuais ganhando mais espaços, mais direitos. Foi daí que decidi ir atrás de um direito meu e importantíssimo para pessoas transexuais, a mudança do nome nos documentos”.
“Ser uma mulher trans e ter que mostrar o documento com nome masculino é muito constrangedor” explica Daniela. “O fato de eu não ter nascido em São Paulo dificultou muito esse processo. A oportunidade surgiu quando vim passar férias em Tuparetama.  Iniciei o processo de retificação do nome, começando pela certidão de nascimento, processo esse que tem que ser feito no cartório onde a passoa foi registrada. Foi um processo simples, rápido e muito gratificante. Agora a lei reconheceu quem eu sempre realmente fui,  Daniella.
Indagada pelo blog sobre que conselho gostaria de dar às pessoas, tendo em vista sua luta de afirmação de identidade de gênero, Daniela comentou: “Seja quem você é, não abra mão de você por ninguém. Não existe coisa pior no mundo do que você não poder ser quem é, não lute contra você, a vida se torna mais suportável quando nos aceitamos. E por mais que a sua família não te aceite, tente mantê-los por perto, faça com que eles vejam que o amor vai além da aparência, do preconceito, mostre que os ama e prove isso! Recentemente perdi meu pai e não tive a oportunidade de me despedir, eu o amava muito e sei que ele me amava, mas a sua vergonha por eu ser quem sou sempre foi uma ponte entre a gente e isso infelizmente não tem volta. Hoje tenho minha mãe que me ama me aceita e quem me dá forças pra seguir. Mas, acima de tudo, seja quem você é, a vida é passageira, não perca tempo se negando, seja você, seja Feliz (Fonte do Blog Marcelo Patriota)

Nenhum comentário:

Postar um comentário