Num
raciocínio de longo prazo, levando em conta os 18 jogos das eliminatórias,
qualquer projeção poderia concluir que, uma derrota para o Chile, em Santiago,
não seria nem anormal, nem um impedimento à vaga na Copa do Mundo. A questão é
o momento, a sensação de urgência de resultados que cerca a seleção brasileira.
Contra um Chile coletivamente mais maduro e individualmente forte, o Brasil
teve considerável controle do jogo no primeiro tempo. No segundo, ficou clara a
diferença que faz o tempo. O Chile mudou seu desenho tático e chegou aos 2 a 0.
Exibiu variações próprias de um time rodado. Algo que uma seleção em formação
ainda não tem. Mas precisa evoluir. Na terça-feira, a adversária será a
Venezuela, em Fortaleza.
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Considerando que são novos tempos, que a confiança que sobra ao Chile falta a
uma seleção brasileira machucada pelos resultados recentes, que são duas
equipes em estágios de maturação muito distintos e que, de fato o time chileno
tem armas respeitáveis, é possível fazer um balanço positivo do primeiro tempo
do Brasil. Porque foram raros os momentos em que se teve a sensação de que o
jogo fugira ao controle, de que o rival ditava o jogo. Ainda que, num jogo de
raras chances claras, tenha cabido ao Chile o arremate mais perigoso, quando
Alexis Sanchez acertou a trave direita de Jefferson.
Para um time em formação, Dunga
correu um risco considerável, mas foi esta manobra que lhe permitiu conter a
tradicional fluidez com que os chilenos saem da defesa com a bola e,
rapidamente, alcançam a área adversária. Se há jogadores menos hábeis na equipe
de Jorge Sampaoli, estes são os três zagueiros. Eram eles os alvos do Brasil.
Oscar, Hulk e Douglas Costa, por vezes com ajuda de Willian, saíam para
pressioná-los na saída de bola. Foi o bastante para que os passes para Marcelo
Díaz e Vidal, o estágio seguinte na progressão do Chile, chegassem em condições
ruins. O Brasil colecionou interceptações e conservou o jogo longe de seu gol.
O risco era o espaço que, eventualmente, se formava pela direita, com Isla e Sanchez contra Marcelo. Ou quando a pressão inicial do Brasil era vencida, Vidal conseguia acelerar o jogo. Foi desta forma que iniciou o lance do chute de Sanchez na trave, já aos 41 minutos.
Mas o Brasil era presente no campo de ataque. A questão é que parecia
fazer mais força do que o Chile para construir jogadas. Os movimentos não eram
tão automáticos, típico de um time coletivamente menos pronto. O grande pecado
foi ter Oscar em partida discreta demais. Quase como um segundo atacante junto
a Hulk, desperdiçou ótima chance aos 24 minutos, ao chutar por cima do gol de
Bravo. Mas a contribuição que se poderia esperar de Oscar, e que ele não deu,
foi participar mais ativamente da organização, do passe final. Abusou das
escolhas erradas.
Antes do intervalo, Sampaoli trocou um dos defensores, Francisco Silva, pelo meia Mark Gonzalez. Tentou ocupar o meio-campo e desestimular o Brasil a pressionar seus zagueiros. Acabou transformando a cara do jogo no segundo tempo.
Não houve mais pausa, e sim uma sucessão de golpes e contragolpes de
área a área. Se o Brasil teve suas chances, como no gol perdido por Oscar no
primeiro minuto, era claro que a partida se tornara menos à feição para a
seleção, que ficara em inferioridade no meio-campo. Tanto que Isla acertou a
trave aos quatro minutos e Mark Gonzalez quase marcou num chute cruzado após
Vidal receber com liberdade na entrada da área. O gol que amadurecia, no
entanto, foi sair de uma bola parada. Após falta batida por Matias Fernandez,
que entrara no lugar de Valdívia, Vargas emendou uma bola difícil, mas
defensável. Jéfferson não segurou.
Dunga demorou a mexer e foi conservador ao trocar Hulk por Ricardo
Oliveira, que quase empatou após jogada de Willian, o melhor do time. Depois,
arriscou com Lucas Lima na vaga de Luiz Gustavo. Não funcionou na produção
ofensiva e ainda abriu o time. Aos 44, Sanchez avançou, tabelou com Vidal e fez
2 a 0.
CHILE 2 X 0 BRASIL
Local: Estádio Nacional, em Santiago (CHI)
Árbitro: Roddy Zambrano (EQU)
Auxiliares: Christian Lescano e Byron Romero
Renda/Público: Não disponíveis
Cartões amarelos: Diaz (CHI); Luiz Gustavo (BRA)
Gols: Vargas, 26'/2ºT (1-0) e Sanchez, 44'/2ºT (2-0)
CHILE: Bravo, Medel, Jara e Silva (Mark Gonzalez, 41'/1ºT); Isla, Diaz
(Vilches, 37'/2ºT), Valdivia (Matías Fernandez, 18'/2ºT) e Beausejur; Vidal;
Sánchez e Vargas. Técnico: Jorge Sampaoli.
BRASIL: Jefferson, Daniel Alves, Miranda, David Luiz (Marquinhos,
36'/1ºT) e Marcelo; Luiz Gustavo (Lucas Lima, 37'/2ºT), Elias, Oscar, Willian e
Douglas Costa; Hulk (Ricardo Oliveira, 31'/2ºT). Técnico: Dunga.
Blog: O Povo com a Notícia
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